Resumo
A técnica de embocadura é um dos parâmetros que mais influencia o resultado sonoro no saxofone, no entanto, não é um assunto unânime. Este artigo explora esta técnica sob o ponto de vista pedagógico. Aborda as várias definições de embocadura no saxofone, identifica quais são os principais problemas de embocadura apresentados pelos alunos, as suas causas e as consequências sonoras resultantes desses problemas na emissão do instrumento. Pretende-se apresentar uma sistematização de estratégias pedagógicas mais adequadas para resolver os problemas de embocadura mais comuns nos estudantes de saxofone e compreender a relação entre estes problemas e a qualidade da sua emissão conduzindo ao estabelecimento de diretrizes de uma embocadura eficaz.
Palavras-Chave: Saxofone, Embocadura, Problemas de Embocadura, Estratégias Pedagógicas de correção.
Abstract
The technique of embouchure is one of the parameters that most influences the sound of the saxophone, however, it is not a unanimous subject. This article explores this technique in a pedagogical point of view. Approaches the various definitions of the saxophone embouchure, identifies which are the most common embouchure problems presented by students, their causes and the sound consequences resulting from these problems in the emission of the instrument. It is intended to present a systematization of the most appropriate pedagogical strategies to solve the most common embouchure problems in the saxophone students and to understand the relationship between these problems and the quality of their emission, leading to the establishment of guidelines for an effective embouchure.
Keywords: Saxophone, Embouchure, Embouchure Problems, Pedagogical strategies of correction.
Introdução
A embocadura é um dos parâmetros da técnica de base do saxofone que mais influencia o resultado sonoro e que importa ser bem transmitido aos alunos logo a partir da primeira aula. Trata-se de uma técnica considerada essencial para uma boa sonoridade, no entanto, não é uma técnica unânime, nem na sua execução, nem na sua definição, uma vez que está sujeita à interferência de múltiplas variáveis.
“Todos os saxofonistas consideram a embocadura como um elemento fundamental na criação de uma boa sonoridade. Este aspeto está no centro de uma querela infinita criando verdadeiras “escolas de pensamento”. Devido ao grande número de elementos em jogo inclusivamente relacionados com a nossa morfologia, não podemos sugerir mais do que regras gerais”[1] (Marzi, 2009, p. 272)
Por não existir uma receita exata para a formação da embocadura, a técnica fica sujeita a mais variações, o que se traduz numa elevada prevalência de problemas de embocadura entre os alunos de saxofone. Este artigo contém informação resultante do estabelecimento de uma ligação entre os problemas de embocadura apresentados pelos estudantes de saxofone, o resultado sonoro específico associado a esses problemas e uma série de estratégias pedagógicas para a sua resolução.
Foi feito um percurso de definição do que é a embocadura, qual a sua função, estruturas associadas e o que é uma embocadura eficaz. Para se averiguar quais seriam os problemas de embocadura mais frequentes nos alunos, foi selecionada uma amostra constituída por vinte e um estudantes de saxofone de conservatórios e escolas de música, que tivessem um nível abaixo do oitavo grau, independentemente da sua idade. Foram utilizados três registos fotográficos da embocadura de cada um desses alunos, um frontal, um do perfil esquerdo e outro do perfil direito, devidamente autorizados e foi preenchida uma grelha para registar as variáveis observadas. Seguiu-se um protocolo de observação pré-definido e no final foi realizada uma análise das variáveis observadas.
Técnica de embocadura
“A palavra embocadura deriva do francês bouche, que significa boca, mas a sua abrangência estende-se muito para além da boca.”[2] (Rousseau, 2013, p.5). De entre as várias definições de embocadura, podemos destacar três principais: “a embocadura é a forma de colocar a boquilha na boca para produzir som”[3] (Michat e Venturi, 2010, p.13); Londeix (1990) identifica como embocadura tanto “o ensemble boquilha, palheta e abraçadeira” como “a forma de colocar a boquilha na boca para emitir som no instrumento” (p.75)[4], já Teal (1963) define o termo como sendo “a composição dos lábios à volta da boquilha em conjunto com fatores físicos envolventes que afetam a produção de som” , explicando que “estes incluem os músculos dos lábios, do queixo, da língua e a estrutura óssea facial” (p.37)[5].
“A embocadura é de importância crucial no controlo do som, determinando a sua qualidade, profundidade e cor”[6] (Horch, 1998, pp.78-79) e considera-se que “só uma embocadura perfeitamente estável e elástica permite dominar a totalidade das técnicas”[7] (Michat e Venturi, 2010, p. 13) e que “uma embocadura é boa quando acaba por ser um gesto natural para o instrumentista, o que lhe permite fazer bem o que queira e não apenas o que possa” (Londeix, 1990, p. 75). Naturalmente, há que considerar que existem fatores que condicionam a embocadura e que “não é um conceito que permita que se estabeleça uma regra precisa, uma vez que depende da morfologia da boca, dos lábios e dentes do indivíduo”[8] (Ricquier, 1982, p. 48). “O tipo de som pretendido pelo intérprete, a forma de tocar praticada, a boquilha escolhida, o gosto pessoal de cada um e a morfologia do instrumentista, mais precisamente a forma da sua cavidade bocal, dos dentes e a espessura dos lábios”[9] (Londeix, 1990, p.75) também interferem no tipo de embocadura que se forma.
Principais problemas de embocadura dos estudantes
Na investigação que levei a cabo foram identificados quais eram os problemas de embocadura que se encontravam mais frequentemente numa amostra de vinte e um estudantes de saxofone de nível inferior ao oitavo grau. Foram considerados na observação a idade, o nível de aprendizagem, se aluno era ou não meu aluno, o tipo de material utilizado (saxofone, boquilha, abraçadeira e dureza da palheta), algumas características morfológicas relevantes, que problemas de embocadura apresentava, como se manifestava o resultado sonoro dos mesmos e finalmente foram delineadas estratégias de correção para os problemas identificados.
Tabela 1 - Tipos de problemas de embocadura observados e percentagens de ocorrência
Na amostra de alunos analisada, identifiquei nove tipos diferentes de problemas de embocadura: lábio inferior demasiado dobrado; demasiada quantidade de boquilha na boca; queixo arredondado ou excessivamente arredondado, embocadura demasiado horizontal, embocadura assimétrica, lábio inferior parcialmente revirado para o exterior, lábio inferior com uma bolsa; lábio inferior móvel na emissão e bochechas salientes ligeiras. Os três problemas com maior prevalência foram a embocadura demasiado horizontal e o lábio inferior demasiado dobrado, ambos com 23% de prevalência e o queixo arredondado ou excessivamente arredondado, com 15% de ocorrência.
Cada um dos sujeitos observados apresentou no máximo quatro problemas diferentes de embocadura, no entanto, a maioria apresentou três problemas de embocadura e foram raros os que não apresentaram nenhum problema. No que diz respeito à idade, quanto mais novos eram os indivíduos, maior número de problemas de embocadura foram detetados. Os estudantes mais velhos pareciam apresentar menos problemas ou quando os apresentavam, com consequências sonoras menos percetíveis. No que diz respeito ao nível de aprendizagem, verificou-se claramente uma proporcionalidade inversa entre o grau ou nível de aprendizagem e a presença de problemas de embocadura. Quanto maior era o grau ou nível de aprendizagem, menor o número de anomalias verificadas. Este aspeto não se verificou no que diz respeito à idade. Em vinte e quatro por cento dos sujeitos observados foram identificadas características morfológicas relevantes para a investigação: dentes incisivos superiores inclinados; mudança de dentição para dentição definitiva; cicatriz de correção de lábio leporino e fenda palatina; dentes incisivos superiores irregulares e aparelho dentário. Algumas destas características morfológicas interferiram na técnica de embocadura, causando problemas ou impedindo os sujeitos de formar uma embocadura eficaz.
Estratégias Pedagógicas de correção da embocadura
Foi recolhida informação sobre quais eram os problemas de embocadura mais comuns em saxofonistas e que estratégias pedagógicas poderiam ser utilizadas para corrigir ou minimizar esses problemas para obter os resultados sonoros pretendidos. Neste sentido, as estratégias pedagógicas apresentadas para cada um dos nove problemas de embocadura encontrados na amostra de alunos desenvolveram-se a partir da recolha anterior e o principal objetivo foi encontrar estratégias que corrigissem os problemas de forma efetiva, que fossem adaptadas ao nível de compreensão dos alunos e que se traduzissem num resultado sonoro mais satisfatório. De qualquer forma deve ter-se sempre em conta o facto de qualquer mudança de embocadura se processar de forma progressiva, consolidando-se ao longo do tempo e de normalmente não se verificarem resultados imediatos.
A embocadura demasiado horizontal ou tendencialmente horizontal foi o problema de embocadura mais verificado na investigação com uma prevalência de 24% no total dos sujeitos da amostra. Deste problema resultam guinchos no som, dificuldades nas mudanças de registo, falta de flexibilidade, afinação tendencialmente alta, dificuldade em conseguir uma boa homogeneidade do som e cansaço físico, pelo facto de reduzir a oxigenação dos músculos envolvidos. A correção deste problema de embocadura deve passar primeiramente pela consciencialização do aluno para o problema, para isso podemos começar por utilizar um espelho. O espelho é uma excelente ferramenta quando se trata de corrigir problemas de embocadura porque aumenta os níveis de propriocepção do aluno. Uma solução possível seria pedir ao aluno que imaginasse que trincava uma maçã. O gesto da boca nesse processo assemelha-se ao gesto de formar uma embocadura eficiente e vai ao encontro da vivência quotidiana do aluno. Outras imagens mentais interessantes seriam imaginar o gesto de ‘um beijo’, de apagar uma vela ou de dizer ‘Au!’ como se o aluno se tivesse magoado.
A embocadura com o lábio inferior demasiado dobrado ocorreu em 23% da amostra de sujeitos analisada. É um problema bastante típico, em especial nas crianças. Dependendo da quantidade de lábio dobrado e da pressão exercida pode resultar num som abafado e basso, com dinâmicas pobres, dificuldades em obter uma boa homogeneidade sonora, dificuldades na emissão do registo sobreagudo e inclusivamente fugas de ar. É possível corrigir este problema com recurso ao espelho ou eventualmente com recurso à câmara fotográfica do telemóvel do aluno. Este problema também está relacionado com a força exercida pelo queixo, assim, muitas vezes um lábio inferior demasiado dobrado é o resultado de um queixo contraído. O professor deve pedir ao aluno que coloque o dedo no lábio inferior, sem saxofone, e rode o lábio para a frente e para trás até encontrar um ponto de equilíbrio sobre que quantidade de lábio deve dobrar. Este problema pode ser prevenido logo desde a primeira aula de um iniciante, evitando utilizar a expressão ‘dobrar o lábio’ e substituindo-a por ‘pousar a boquilha no lábio’.
O queixo demasiado dobrado ou excessivamente dobrado foi verificado em cerca de 15% dos sujeitos observados. Este problema está ligado ao problema anterior. Na verdade, normalmente, quando os alunos corrigem o queixo arredondado, corrigem simultaneamente o lábio inferior demasiado dobrado. As consequências ao nível do som são semelhantes. É possível corrigir este problema, uma vez mais com a ajuda de um espelho e sem saxofone mostrar ao aluno como deve ser a posição do queixo ao tocar. De uma forma geral, se o queixo se apresentar enrugado ou arredondado, a posição é ineficaz, ao invés disso, devemos procurar apresentar um queixo próximo da sua posição natural ou levemente a apontar para baixo. Com o dedo, o aluno pode verificar, mesmo enquanto toca, se o seu queixo apresenta uma cova natural. Outra estratégia será dizer ao aluno para dizer o som ‘u’ e de seguida soprar nessa posição. O aluno também poderá realizar um exercício com dois palitos, em que coloca cada um nas respetivas extremidades da boca, de seguida o objetivo será soprar longamente, com os cantos da boca como se fosse soprar uma vela e sem deixar cair os palitos, este exercício ajudará o aluno a ter consciência e a fortalecer os seus músculos orbiculares.
A embocadura com muita boquilha dentro da boca foi um problema detetado em 13% dos sujeitos da amostra. Este problema provoca não raras as vezes um som grande, destimbrado, difuso e descontrolado ou inclusivamente guinchos. Podemos ajudar os alunos a corrigir este problema colocando um pedaço de fita-cola, como forma de marcar o limite máximo do sítio onde o aluno poderá apoiar os dentes na superfície da boquilha. Uma pequena marca feita na borracha de apoio dos dentes com uma tesoura também pode ajudar.
A embocadura assimétrica foi verificada em 6% dos sujeitos da amostra. Na maioria dos casos é provocada por irregularidades nos dentes ou pelo mau ajuste da boquilha ou da correia. Quando é esta a origem, não tem resultados sonoros muito significativos. No entanto quando se verificam casos em que por exemplo o lábio inferior revira parcialmente para fora já se verificam resultados sonoros como por exemplo guinchos. Quando o problema tem origem nos dentes irregulares, os alunos poderão corrigir este problema com recurso a uma borrachinha extra colocada no lado dos dentes que estiver mais descompensado. Quando o problema não tem a ver com os dentes, podemos pedir simplesmente ao aluno que rode a boquilha ou ajuste a correia corretamente. Em todos os outros casos, usar o espelho para consciencializar o aluno.
O lábio inferior que revira parcialmente para o exterior teve uma ocorrência de 8% nos sujeitos observados. À semelhança de alguns dos problemas anteriores, podemos consciencializar o aluno para o problema usando o espelho.
O lábio inferior com uma bolsa ocorreu em 8% dos sujeitos observados e acontece muito a par com o queixo arredondado, verificando-se resultados sonoros semelhantes. Uma estratégia de correção possível seria, com a ajuda de um lápis, puxar suavemente o queixo do aluno para baixo, na zona onde se verificar a bolsa. As estratégias aplicadas para corrigir o problema do queixo arredondado serão igualmente úteis.
O lábio inferior móvel foi um problema verificado em apenas 2% dos sujeitos observados na investigação. O principal resultado sonoro é o som ficar em subtone. Este problema está frequentemente ligado a problemas de respiração, uma vez que o aluno ao mover o lábio inferior perde o ponto de apoio durante a emissão e respiração e acaba muitas vezes por não respirar pelos cantos da boca, mas sim sugando o ar do saxofone. O problema pode ser corrigido, se verificarmos constantemente o ponto de apoio do aluno, puxando suavemente o tudel do saxofone no momento em que o aluno estiver a tocar, inesperadamente. Se o saxofone sair facilmente significa que o aluno não está a morder, deixando o queixo livre para mover-se.
A embocadura com bochechas salientes foi encontrada em apenas 2% dos sujeitos observados. É um dos problemas mais fáceis de detetar pelo próprio aluno. Apresenta resultados sonoros bastante inconvenientes como o som destimbrado, muitas vezes desafinado e pouco centrado. Uma estratégia de correção eficaz é pedir ao aluno, sem saxofone, que sugue exageradamente as bochechas para dentro, de seguida, mantendo essa sensação, poderá reproduzir o gesto com o saxofone. Uma outra possibilidade é pedir ao aluno sinta o que acontece no interior da sua boca quando diz o som ‘i’ ou o som ‘ou’, reforçando que para eliminar as bochechas a posição interna da sua emissão deverá assemelhar-se à posição da boca quando diz ‘i’.
Conclusão
De acordo com os resultados que apurei, verifica-se uma maior incidência de problemas de embocadura na iniciação. As características morfológicas dos estudantes também demonstraram interferir significativamente com a técnica de embocadura. Os problemas de embocadura parecem assim exercer uma grande influência na emissão dos jovens saxofonistas.
Foi possível clarificar que há problemas de embocadura que se observam com mais frequência do que outros, sendo que a maioria dos estudantes apresentou problemas como a embocadura demasiado horizontal ou tendencialmente horizontal; o lábio inferior demasiado dobrado; o queixo arredondado e muita boquilha dentro da boca. Considerando que a maioria dos sujeitos utilizados na amostra eram meus alunos, poderá supor-se que essa característica comum possa ter interferido na validade dos resultados, uma vez que alunos de um mesmo professor tendem a apresentar características semelhantes.
O interesse da investigação está sobretudo no reforço da importância de sistematizar as estratégias pedagógicas em detrimento da aplicação de estratégias pedagógicas de origem predominantemente empírica. É crucial aplicar o eixo causa-problema-consequência- resolução no ensino das técnicas do saxofone. Os professores de saxofone devem ser particularmente cuidadosos no ensino da técnica de embocadura nos primeiros anos de formação dos estudantes de saxofone e logo a partir da primeira aula. Ao longo da investigação utilizei o termo embocadura eficaz, evitando os termos ‘bom’ e ‘mau’, porque a embocadura está sujeita a tantas variáveis que só podemos observar se funciona e é eficaz para o resultado sonoro que se pretende e não existem verdades absolutas sobre esta técnica, apenas diretrizes.
Futuramente, o mesmo tipo de estudo de caso poderá ser aplicado a uma amostra maior de estudantes, aos problemas da embocadura jazzística ou aos problemas de embocadura de estudantes universitários.
Bibliografia
Horch, K. (1998). 6.The mechanics of playing the saxophone. In Ingham, R. (ed.), The Cambridge companion to the saxophone (pp.75-87). Cambridge: Cambridge University Press.
Londeix, J.-M. (1990). La embocadura. In Chautemps, J.-L., Kientzy, D., Londeix, J.-M., El Saxofón (p. 75). Barcelona: Editorial Labor, S.A.
Marzi, M. (2009). Il saxofono. Varese: Zecchini Editore.
Michat, J.-D., Venturi, G. (2010). Un saxophone contemporain. Lyon: edição do autor.
Ricquier, M. (1982). Traité méthodique de pédagogie instrumentale (7ª Edição). Paris: Gérard Billaudot Éditeur.
Rousseau, E. (2013). Saxophone Artistry in Performance and Pedagogy. Ham Lake, Minnesota: Jeanné, Inc. Music Publications.
Teal, L. (1963). The art of saxophone playing. Princeton, New Jersey: Summy-Birchard Music.
[1] “Tutti i saxofonisti considerano l’imboccatura quale elemento fondamentale nella creazione di una buona sonorità. Questo aspettto è stato al centro di un’infinita querelle creando vere e proprie “scuole di pensiero”. Causa il grande numero di elementi in gioco legati anche alla nostra morfologia, non potremo che suggerire anche qui delle regole generali”.
[2] “The word embouchure derives from the French bouche, meaning mouth, but its application extends well beyond the mouth.”
[3] “Définition: C’est la manière de mettre le bec dans la bouche pour produire un son.”
[4] “Se entende por embocadura: -la boquilla equipada de caña y ligadura; - la manera de colocar la boquilla en la boca para emitir los sonidos y hacer sonar el instrumento.”
[5] “(…) the formation of the lips around the mouthpiece together with the surrounding physical factors which affect tone production. These include the muscles of the lips and chin, the tongue, and the bony structure of the face.”
[6] “Embouchure is of crucial importance in controlling the sound and in determining its quality, depth and colour.”
[7] “Seulement une embouchure parfaitement stable et élastique permet la maîtrise totale de toutes les techniques.”
[8] “(…) qu’il n’est nullement question d’établir une règle precise, une loi sur la pose de l’embouchure, celle-ci dépendant essentiellement de la morphologie de la bouche, des lèvres, de la denture de l’individu (…)”
[9] “(…) todo depende de la sonoridade busacada, del modo de tocar practicado, de la boquilla elegida, del gusto de cada uno, pero también de la morfologia dels instrumentista, y más precisamente de la forma de su cavidad bucal, de su dentadura y del grosor de sus lábios.”