Métodos de iniciação para piano: um estudo analítico a quatro métodos selecionados

  • Paulo Oliveira

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar um conjunto de métodos de iniciação para piano usados actualmente. Após a análise de cerca de vinte métodos diferentes, foram seleccionados quatro métodos para este estudo. Pretende dotar o leitor de informação sistematizada acerca dos materiais estudados permitindo assim uma eventual adopção de algum destes métodos por professores ou futuros professores de piano. Inicialmente, apresenta-se o projecto de investigação. De seguida é feita a revisão da literatura e explicada a metodologia de investigação adoptada. Na apresentação e análise dos resultados é feita a exposição dos dados recolhidos após a análise de cada um dos métodos seleccionados. Por fim, é apresentada a conclusão e reflexão final do documento.

Palavras-Chave: Ensino do piano, iniciação musical, métodos para Piano.

 

Abstract

This work is an analysis of a group of different piano methods for beginners used today. After analyzing about twenty different methods, four were selected for this study. It aims to give the reader compiled information about these methods thus creating an eventual chance of them being adopted by current of future piano teachers. Initially, the research project is presented. After that, a revision of the literature is made, and the research methodology is explained. The explanation of the results obtained is mainly done by the exposition of the retrieved data from the analysis made to each method studied. At last, a conclusion and a final reflection if present.

Keywords: Piano teaching, musical initiation, piano methods.


 

 

Introdução

O ensino da iniciação é provavelmente um dos mais complexos no âmbito da pedagogia instrumental. Não existe muita evidência daquilo que terão sido os métodos de ensino do piano, particularmente em relação ao ensino da iniciação, antes do século XX. Existem diversas colectâneas de peças de vários autores consagrados (Bach, Mozart, Beethoven, Clementi, Diabelli, Schumann, Tchaikovsky, entre outros) mas muito pouco (ou quase nada) em relação aos estágios verdadeiramente iniciais, onde se inclua a pré-leitura, por exemplo. Assim, e de forma natural, a generalidade do ensino instrumental, é baseada fundamentalmente na tradição herdada dos nossos professores e através de “métodos” que vão passando de geração em geração e vão assim perdurando no tempo. Dito de outra forma, a maioria dos professores de música ensina da mesma forma que aprendeu, ou que “foi ensinado”. Não querendo de forma alguma pôr em causa o valor e a importância deste tipo de ensino, da tradição oral e das boas heranças que podemos receber, estou certo de que todos terão a ganhar se cada “novo professor” for capaz de ir mais longe e de não se tornar somente uma réplica do modelo de ensino que teve enquanto aluno.

Durante a primeira metade do século XX foram surgindo novos pensamentos e abordagens relacionados com a pedagogia do piano. Assim, alguns novos métodos foram criados e passaram a incluir uma explicação escrita dos conceitos apresentados; ilustrações atraentes e cativantes para as crianças; peças tradicionais em conjunto com novas obras; acompanhamentos para serem executados pelo professor e que criam um resultado final mais apelativo e estimulante para o aluno; sugestões de estudo, tanto para os alunos como para os seus pais e professores; abordagens à pré-leitura no piano; formas fáceis e lúdicas de introduzir a notação musical.

A minha iniciação musical, enquanto aluno, foi de certa forma um pouco atípica. Além de ter começado os meus estudos musicais numa idade considerada já tardia (nove anos), fi-lo numa escola não oficial, vocacionada acima de tudo para a ocupação de tempos livres. As aulas de teclado, que não ultrapassavam os cinco minutos semanais (o professor tinha um vasto número de crianças para ouvir em aproximadamente uma hora), eram complementadas com algumas noções de teoria musical. Tendo permanecido nessa escola durante um período de três anos, ingressei no ensino vocacional da música somente aos doze anos. Nessa altura, e tendo em conta que já tinha adquirido uma série de competências, não realizei o percurso típico de um aluno de iniciação musical.

Quando me deparei com a realidade de ter de ensinar crianças sem quaisquer conhecimentos musicais ou pianísticos, não podia recorrer à minha experiência enquanto aluno (pelo menos, não como um modelo óbvio). Senti um grande fosso na minha formação e a sensação de “não saber por onde começar”. Tornou-se assim evidente que a nossa formação, enquanto alunos, não nos prepara para essa realidade. Por esta razão, nessa altura recorri a colegas com mais experiência e também à minha intuição para tentar encontrar a melhor metodologia de ensino para os alunos de iniciação que tive de ensinar. Constatei, como é natural, que a maioria dos professores de piano recorre a métodos para as suas aulas de iniciação. Entre outros, os mais referidos foram o “Curso Elementar de Piano” de John Thompson, o “Método de Piano para Iniciantes” de Hervé e Pouillard, e o “Método Europeu para Piano” de Fritz Emonts.

Tendo recorrido então principalmente a estes três métodos, deparei-me de imediato com várias questões relacionadas com as primeiras aulas, sobretudo com alunos mais novos (5-7 anos), sem qualquer conhecimento musical. Os métodos em questão apresentam a notação musical desde o início, sem qualquer abordagem de pré-leitura. Dedicam muito pouco espaço (quando algum) à questão da posição ao piano, explicação do teclado e da sua geografia, qualidade do som, entre outros aspectos que considero essenciais na fase inicial de aprendizagem. Em termos objectivos, são simples colectâneas de peças ordenadas por um grau de dificuldade crescente, onde pontualmente são abordadas algumas questões associadas à técnica pianística e à teoria musical. Devo realçar que, um dos métodos que vejo usado com maior frequência data de 1937 (John Thompson) e sofreu muito poucas actualizações desde o seu aparecimento. Não querendo de forma alguma retirar o valor e encobrir a importância que este e outros métodos tiveram no seu tempo, a insatisfação e falta de confiança que senti nestes últimos anos em relação às aulas de iniciação estimulou a vontade de conhecer mais aprofundadamente o que tem sido feito nesta área do ensino nas últimas décadas e a conhecer melhor os métodos para piano mais recentes. 

Após a análise de cerca de vinte métodos para piano diferentes, quatro foram seleccionados para este estudo. São eles: “Alfred’s Basic Piano Library” de Willard A. Palmer, Morton Manus e Amanda Vick Lethco; “Music Moves for Piano” de Marilyn Lowe (em cooperação com Edwin E. Gordon); “Piano Adventures” de Nancy Faber e Randall Faber; “The Leila Fletcher Piano Course” de Leila Fletcher. A selecção destes quatro métodos prendeu-se, acima de tudo, com o facto de serem uma representação global das várias abordagens encontradas na maioria dos métodos analisados e por serem extensamente utilizados em vários países do mundo actualmente.

Revisão de Literatura e Metodologia de Investigação

Método é uma palavra que provém do termo grego methodos (“caminho” ou “via”) e que se refere ao meio utilizado para chegar a um fim, isto é, um caminho que conduz algures. A ideia fundamental de um método para piano é a de apresentar um plano organizado e estruturado que guie o aluno e o seu professor de forma a facilitar a aprendizagem.

Os primeiros métodos para piano terão surgido na Europa no início do século XIX (Uszler et al., 2000). Autores como Clementi, em 1801, ou Kalkbrenner em 1831, escreveram métodos que foram muito populares na época. Ambos concentravam uma forte componente relacionada com os fundamentos da teoria musical, exercícios técnicos e, à imagem do que acontecia com a maioria dos métodos que foram surgindo na época, reuniam ainda compilações de peças de vários compositores. Uma breve análise a qualquer um destes métodos demonstra facilmente que os mesmos não seriam endereçados à grande maioria das crianças em idade pré-escolar. Durante a segunda metade do século XX, a abertura e integração dos cursos de música nos currículos de muitas escolas, criaram a percepção de que havia a necessidade de conceber e inovar materiais de aprendizagem direccionados especificamente a alunos em idade pré-escolar.  Esta foi uma realidade que se deu junto dos educadores e professores de música, autores de métodos e das próprias editoras. Adicionalmente, os alunos formados nos conservatórios e universidades sentiam uma grande falta de preparação para o ensino de principiantes (Uszler et al. 2000). Isto levou a uma grande procura de material didático apropriado para este nível de ensino, conduzindo assim a um período onde o aparecimento de novos métodos para piano proliferou, principalmente nos EUA.  Uma grande variedade de métodos foi publicada nas últimas quatro décadas. Actualmente, são comercializados mais de quarenta métodos diferentes.

Naturalmente, nenhum método para piano é “perfeito”. Cada um contém a sua própria combinação de pontos fortes e fracos (ou, no mínimo, “menos fortes”). Uma pesquisa realizada por Albergo (1988), demonstra que muitos professores de piano usam até quatro métodos simultaneamente e, normalmente utilizam somente uma parte (livro ou volume) de um determinado método, não ficando necessariamente presos ao referido método até ao fim do mesmo. Assim que sentem que os alunos estão aptos a estudar o repertório tradicional, habitualmente os métodos são postos de parte.

O facto de vários métodos apresentarem revisões e actualizações regulares (Crum, 1998), espelha a vontade e a necessidade que muitos professores sentem em adequar e melhorar continuamente as suas metodologias.

De acordo com Uszler et al. (2000), a maioria das crianças com idades compreendidas entre os quatro e os seis anos (idade pré-escolar), estão aptas à aprendizagem do piano. Esta é uma opinião corroborada pela maioria dos autores que publicaram métodos para piano nas últimas três décadas. Consequentemente, os seus métodos prevêem conteúdos direccionados para esta faixa etária. Esta rotulagem não deve, contudo, ser interpretada de forma estanque e deverá sempre ser tido em conta o grau de desenvolvimento individual de cada criança.

Durante várias gerações, muitos professores de piano tenderam a seguir um líder carismático na pedagogia do piano e sentiam-se seguros e confortáveis a usar repetidamente o mesmo método, sem a mínima curiosidade ou vontade de procurar e encontrar novos livros e métodos, ou até desenvolver a sua própria metodologia (Lyke, 1996). Esta descrição vai de encontro à ideia de que “os professores ensinam como foram ensinados” e, segundo Lyke, revela algum comodismo associado à indústria da pedagogia do piano. Para este autor, métodos que ainda usam o “ultrapassado sistema posicional”, e que são ainda utilizados por todo o mundo, são a prova evidente deste fenómeno. Segundo Uszler et al. (2000), durante a década de 60 os métodos para piano começaram a ser classificados de acordo com as respectivas abordagens ao ensino da leitura musical: a abordagem do Dó central, a das tonalidades múltiplas e a intervalar. A abordagem do Dó central tem como ponto de referência o Dó 3 no sistema (dupla pauta).

Os polegares de ambas as mãos partilham essa nota e a leitura parte daí, para cima e para baixo, fixando-se na região média do piano, cobrindo o intervalo de Dó a Sol ascendente na mão direita e de Dó a Fá descendente na mão esquerda. A abordagem das tonalidades múltiplas utiliza diferentes pentacordes com transposições para várias tonalidades em diversas regiões do teclado. A leitura limita-se ao âmbito do pentacorde. Uszler et al. (2000) aponta como benéfico o princípio da matriz de cinco dedos - pentacorde, que se repete em contextos distintos, tanto na pauta quanto no teclado. Na abordagem intervalar, determinadas notas tornam-se referência fixa (na pauta e no teclado) e a leitura parte sempre dessas notas (“landmark notes”).  As três abordagens têm vantagens e desvantagens, o que levou alguns autores a combinar os melhores aspectos de cada sistema, dando origem à denominada abordagem ecléctica.

Para Uszler et al. (2000), catalogar as abordagens de leitura é muito menos importante do que estar consciente do uso e do sequenciamento de qualquer abordagem de leitura que o método apresente. Professores que dominam os princípios cravados em cada uma das abordagens estão em melhor posição para julgar se uma determinada combinação de actividades de leitura forma um método de instrução que potencie o sucesso.

Segundo Coats (2006), a escolha de um método apropriado é uma tarefa complicada. A selecção de repertório de qualidade; o uso da improvisação, composição e transposição; noções teóricas; treino auditivo; exercícios técnicos; história e material de apoio multimédia são alguns dos elementos que devem estar presentes num método de iniciação ao piano (Coats, 2006). 

A pesquisa descritiva foi considerada a metodologia adequada para o propósito deste estudo, através da análise do conteúdo dos métodos para piano seleccionados para a realização deste trabalho. A pesquisa bibliográfica efectuada foi primeiramente direccionada às bases de dados online, onde várias dissertações, teses e artigos foram analisados. Adicionalmente, vários livros referência relacionados com a pedagogia do piano foram estudados, entre os quais Professional Piano Teaching (2006) de Jeanine Jacobson e E. L. Lancaster; Practical Piano Pedagogy: The Definitive Text for Piano Teachers and Pedagogy Students (2004) de Martha Baker-Jordan; The Art of Teaching Piano (2004) de Denes Agay; The Well-Tempered Keyboard Teacher (2000) de Marienne Uszler, Stewart Gordon e Scott McBride-Smith; Creative Piano Teaching (1996) de James Lyke, Yvonne Enoch e Geoffrey Haydon e How to Teach Piano Successfully (1998) de James Bastien.

Para estudos futuros nesta área, seria ideal a realização de um estudo de caso onde vários alunos fossem seleccionados para serem “testados” com a implementação dos vários métodos analisados (ou outros). Para um estudo deste género será necessário um período entre três a quatro anos que pudesse validar devidamente os resultados obtidos. Este é, em média, o período durante o qual os professores de piano usam estes métodos.

Apresentação e análise de resultados

O presente capítulo expõe os princípios pedagógicos observados nos quatro métodos seleccionados para este estudo, após a sua análise.

Alfred’s Basic Piano Library

Segundo os autores deste método, Willard A. Palmer, Morton Manus e Amanda Vick Lethco, as actividades inerentes a cada aula estão pensadas de uma forma sistemática e lógica dando, no entanto, a flexibilidade necessária a cada professor de ajustar e adaptar a forma como conduz as actividades de aprendizagem que desenvolve. Os principais pilares diferenciadores deste método são:

 

Evitar lacunas

De forma a assegurar um processo de aprendizagem contínuo e sem lacunas, os autores utilizam a sobreposição de conceitos como um elemento-chave ao longo de cada livro. Depois da introdução de um conceito, o mesmo continua a ser abordado e reforçado simultaneamente com a introdução de novos conceitos.

 

Uma abordagem à leitura através do som

A leitura é ensinada através do método intervalar. As competências de leitura são associadas aos títulos de cada peça, sempre que um novo intervalo é introduzido. Alguns dos títulos são: “Just a second”, Who’s on Third?”, “July the Fourth” e “My Fifth.”  Embora não sejam introduzidas quaisquer noções teóricas a diferentes armações de clave ou tonalidades no primeiro livro, os alunos tocam em sete tonalidades diferentes. Existe o cuidado de proporcionar peças apelativas e divertidas desde a primeira aula.

 

Interacção

Em praticamente todas as páginas deste método é sugerida uma permanente interacção entre o professor e o aluno. Desta forma, o professor será capaz de perceber de forma mais eficaz se os conceitos estão de facto a ser compreendidos e assimilados pelo aluno.

 

Não divisão em capítulos/unidades

Os livros que compreendem este método não estão divididos por capítulos ou unidades, ao contrário da grande maioria dos livros do género. Desta forma, cada professor deverá seguir o ritmo individual de cada aluno (ou grupo de alunos, no caso de aulas de grupo), sem a “pressão” de concluir um determinado capítulo em cada aula.

 

Material nuclear

A série completa deste método inclui sete livros base (“Lesson Book”) onde todos os novos conceitos são introduzidos. Paralelamente, o “Theory Book” e o “Recital Book” reúnem o material nuclear deste método e devem ser usados em simultâneo.

 

Material suplementar

Existem vários livros suplementares e outro tipo de materiais que servem de complemento ao “Lesson Book” e que reforçam todos princípios musicais estudados. Alguns destes livros são: “Merry Christmas Book”; “Technic Book”; “Fun Book”; “Notespeller Book”; “Sight Reading Book”, entre outros. Cada um destes inclui mais que um volume o que perfaz um total de aproximadamente 80 livros para a série completa. Cada professor deve escolher os respectivos materiais de acordo com as suas necessidades e gostos de cada aluno.

 

A importância do elogio

Os autores deste método acreditam que o elogio sincero do professor ao aluno é um dos factores motivacionais mais eficientes no ensino do piano. Uma vez que na fase inicial da aprendizagem os alunos estão constantemente a aprender novos conceitos, o professor deve aproveitar essa oportunidade para relembrar o aluno de que está constantemente a fazer progressos.

 

Gravações

Existem gravações (em CD e MIDI) com acompanhamentos orquestrados de cada peça. Estas gravações pretendem auxiliar os alunos na escolha do tempo apropriado bem como da execução correcta do ritmo de cada peça, desde a fase inicial da aprendizagem, evitando assim a criação de maus hábitos de estudo. São também uma forma de encorajar e desenvolver o estudo autónomo em casa.

De seguida, apresentamos a proposta dos autores para a primeira aula de piano, através do seu método.

A primeira aula requer um planeamento cuidadoso e terá que ser adaptada ao ritmo de aprendizagem de cada aluno. Idealmente, deverá ser coberto o material até à página 11 do “Lesson Book.” Se esse for o caso, serão introduzidos os seguintes aspectos:

  • Postura ao teclado
  • Número dos dedos
  • Perceber a forma pela qual os martelos percutem as cordas quando uma tecla é pressionada
  • Uso de pouco peso para pressionar uma tecla e obter um som suave
  • Uso de mais peso para pressionar uma tecla e obter um som mais forte
  • A importância de tocar com a forma da mão arredondada
  • Distinguir a mão direita da mão esquerda
  • Subir e descer no teclado
  • Sons graves e sons agudos
  • Reconhecer os grupos de duas e três teclas pretas
  • Semínima, mínima e semibreve
  • Compasso
  • Barra de compasso
  • Barra dupla
  • Peça “Merrily We Roll Along” (para a mão esquerda)
  • Peça “O’er the Deep Blue Sea” (para a mão direita)
  • A importância de manter os olhos na partitura enquanto toca piano

 

Os autores referem que há conceitos que devem ser ensinados rapidamente. Outros, exigem mais cuidado e ênfase, estando esses devidamente assinalados no livro. Reforçam o facto de este não ser um método de tocar através do número dos dedos. Ao abordar primeiramente as teclas pretas, o aluno deverá responder fluentemente à “chamada” de diferentes números de dedos, sem assim os associar com uma determinada tecla (nota), seja ela preta ou branca.

Segundo os autores, o uso das teclas pretas no início da aprendizagem tem as seguintes vantagens:

  • As teclas pretas destacam-se das brancas (estando geograficamente num nível superior) e são facilmente encontradas, mesmo com os olhos na partitura (ou até fechados).
  • A posição da mão muda frequentemente, de forma que, dedos (e respectivos números) toquem em teclas diferentes.
  • Os dedos curvam mais facilmente nas teclas pretas.
  • As cinco teclas pretas abrangem a escala pentatónica, que naturalmente cria peças melodiosas simples.

 

Aspectos que devem ser reforçados na primeira aula:

  • Tocar com a mão arredondada
  • Contar em voz alta
  • Manter os olhos na partitura
  • Ouvir

 

Estes conceitos tornam-se progressivamente mais difíceis de aperfeiçoar se forem negligenciados numa fase inicial. Deve evitar-se ter que remediar mais tarde por inércia ou preguiça e por se achar que estes são aspectos que se resolvem ou amadurecem de forma natural. Se esse pode ser o caso para alguns alunos, não o é certamente para a maioria.

Numa nota aos pais, os autores respondem à pergunta que todos fazem: “quanto tempo deve o meu filho estudar?” Segundo os autores, numa fase posterior, será importante definir um tempo de estudo específico para os alunos. No entanto, na fase inicial, consideram que a quantidade de tempo não é importante, mas sim a realização da tarefa solicitada pelo professor, várias vezes por dia. É importante estabelecer uma rotina de estudo, de preferência com a iniciativa a partir do próprio aluno (se assim não for, os pais e o professor devem ajudar nesta tarefa). Os pais devem mostrar interesse no progresso dos seus filhos. Paciência, elogios sinceros e entusiasmo serão certamente factores que beneficiarão a aprendizagem em casa.

Embora sem uma organização formal, o primeiro livro desta série apresenta os seguintes conceitos:

  • Introdução ao piano
  • Orientação no teclado e identificação do número dos dedos
  • Peças nas teclas pretas para leituras rítmicas e desenvolvimento digital
  • Dinâmicas elementares
  • Associação fluente do nome das notas às respectivas teclas no piano
  • Peças na posição do Dó Central
  • Introdução da pauta
  • Leitura intervalar na posição de Dó e Sol
  • Intervalos melódicos e harmónicos
  • Legato e Staccato
  • Sustenidos e bemóis
  • Teste e certificado

 

Music Moves for Piano

O método “Music Moves for Piano” de Marilyn Lowe aplica a “Teoria da Aprendizagem Musical” de Edwin Gordon no ensino do piano. Apoia-se no pensamento revolucionário de pedagogos como Orff, Dalcroze, Kodaly, Suzuki e Taubman. Desde o início das aulas, os alunos aprendem a audiar[1] enquanto, simultaneamente, desenvolvem competências relacionadas com a técnica pianística.

Segundo a autora, os estudos comprovam que, embora a música seja um fenómeno multidimensional, os alunos aprendem melhor através da sua capacidade de audiar conteúdos tonais dentro de uma determinada tonalidade e conteúdos rítmicos dentro de um determinado contexto métrico.

Várias investigações relacionadas com a forma como o nosso cérebro percebe e aprende música, fornecem resposta a questões como:

  • Porque é que muitos alunos são capazes de tocar repertório avançado e não são capazes de tocar os “Parabéns a você” sem partitura?
  • Porque é que muitos alunos tocam cadências de forma fluente e não são capazes de improvisar sobre acordes da tónica ou dominante?
  • Por que razão tantos alunos, depois de anos de estudo, são capazes de tocar apenas algumas peças que aprenderam recentemente?
  • O que leva a que tantos alunos avançados sejam incapazes de acompanhar sem dificuldade um cantor ou outro instrumentista?
  • Por que razão a improvisação/criação parece um fenómeno impossível para tantos alunos que lêem música de forma fluente?

 

A resposta a estas perguntas prende-se ao facto de estes alunos não terem aprendido como pensar de forma musical. Por outras palavras, não aprenderam a audiar, um fenómeno essencial no desenvolvimento de uma personalidade musical sólida. A audiação está para a música como o pensamento para a linguagem ou a visualização para o que vemos.

Como é que os alunos aprendem a audiar? O processo é idêntico ao da aprendizagem da língua materna. Desde o nascimento, todos nós ouvimos antes de falar. De seguida, começamos a pensar, falar e a adquirir vocabulário. Depois de muito pensar, falar e ouvir, o vocabulário é naturalmente adquirido a par de muitas conversas improvisadas. A fase seguinte é a de aprender a ler e escrever. 

Da mesma forma que o vocabulário linguístico fornece as bases para o entendimento e comunicação de ideias e pensamentos, os padrões tonais e rítmicos são os pilares para aprender, executar, improvisar, ler, escrever e perceber a música.

O movimento e o canto são essenciais na aprendizagem dos padrões. O ritmo deve ser baseado em movimentos corporais e o canto desenvolve a audiação tonal. Cada padrão tem um significado ou função e é apresentado por categorias que são estudadas numa determinada ordem ou sequência – aprendizagem sequencial.

Os padrões rítmicos devem ser ditos (não cantados) no contexto de uma determinada métrica: dupla, tripla ou outra. Os padrões tonais devem ser cantados, sem ritmo, e associados a um contexto tonal (maior ou menor) ou modal. O uso deste tipo de padrões (tonais e rítmicos) faz sentido musical uma vez que está inserido num determinado contexto.

Atribuir um nome a notas individuais, intervalos, acordes, contar linhas e espaços são formas de aprender música que não estão associadas a qualquer contexto tonal ou rítmico. É um mero meio de descodificação intelectual que não envolve uma compreensão auditiva.

A aprendizagem através de padrões sequenciais faz com que os alunos aprendam dois instrumentos: o “instrumento” propriamente dito (o piano, neste caso) e o “instrumento auditivo.” O ouvido e a mente devem ser capazes de audiar antes de os olhos serem capazes de ler e compreender a notação musical.

O método “Music Moves for Piano” foi criado com o intuito de alcançar a literacia musical sobretudo através da audiação. A série completa inclui sete livros: Livro de Jogos A e B e os Livros do Aluno 1 a 5, em conjunto com um CD e outros materiais suplementares.

Os livros de jogos podem ser usados com alunos de qualquer idade, mas foram especialmente concebidos para crianças entre os quatro e os cinco anos de idade. As peças-jogos são curtas, com estilos contrastantes e com métrica dupla ou tripla. Os alunos familiarizam-se com todo o teclado e tocam nas teclas brancas e pretas. Muitas peças usam somente um dedo em cada mão e os alunos são encorajados a ter atenção à forma como produzem cada som. Outras peças têm acompanhamento para incentivar a prática de conjunto. Actividades relacionadas com a improvisação são parte integrante destes livros. Os alunos escolhem o registo, dinâmica, métrica e padrões rítmicos. Em associação às actividades de improvisação, os alunos criam histórias ou fazem desenhos relacionados com as peças que compõem.

Relativamente aos livros do aluno, a grande maioria das peças são baseadas em melodias populares. Deve reforçar-se o facto de a tonalidade (maior e menor harmónica) ser usada em conjunto com os modos dórico, frígio, lídio, mixolídio, eólio e lócrio. Os alunos aprendem a tocar e a improvisar nestas oito possibilidades ao longo dos cinco livros.

 

Canções populares

O grau de dificuldade das peças é gradual, desde melodias onde toca só um dedo, até outras que envolvem os cinco dedos, a passagem do polegar ou o cruzamento de mãos. A mão direita e a mão esquerda são usadas igualmente na introdução de qualquer nova competência.

Inicialmente, os alunos devem cantar cada peça que tocam. Em casa, poderão fazê-lo com a ajuda do CD, caso ainda não sejam capazes de tocar a peça de forma fluente. Assim, as melodias populares tornam-se parte essencial do repertório que permite depois desenvolver as competências de improvisação, transposição, harmonização, mudança de tonalidade/modo ou métrica, criar variações melódicas e rítmicas e conceber arranjos e medleys.

 

Técnica e geografia do teclado

Os alunos devem estar confortáveis com as teclas pretas e brancas e toda a extensão do teclado desde as primeiras aulas. Como referido anteriormente, as primeiras peças usam somente um dedo, e gradualmente chegam ao uso dos cinco dedos. É dada especial atenção ao desenvolvimento dos movimentos de braço-mão-dedo de forma a permitir que o corpo não tenha qualquer tensão muscular e os dedos desenvolvam um movimento natural através da mão e do braço.

Escalas, cadências e arpejos são estudados na tonalidade maior e relativa menor. Primeiramente, os alunos aprendem as tonalidades de Sol Maior/Mi Menor, Fá Maior/Ré Menor, Dó Maior/Lá Menor. Posteriormente, são estudadas todas as tonalidades bem como as cadências dos modos dórico, frígio, lídio, mixolídio, eólio e lócrio. É utilizado o sistema do Dó móvel, fomentando assim a audiação.

Cada livro é dividido em unidades. Cada unidade contém:

  • Objectivos. Resumidamente, é uma forma de informar os pais e alunos do material que é abordado na aula e inclui ainda o trabalho a realizar em casa.
  • Peças para cantar. Através do movimento e do canto, os alunos aprendem a cantar as peças que vão tocar posteriormente. Desta forma os alunos percebem que, se é possível cantar, é possível tocar.
  • Projectos de improvisação.
  • Peças de performance, escalas, cadências e arpejos.

 

Cada aula no livro do aluno está organizada num formato padrão que contém:

  • Uma “information box” onde é apresentada a informação relativamente à métrica, tonalidade, e as notas iniciais da peça.
  • Imagens das mãos e do teclado que indicam a posição de cada mão/dedo no teclado para o início da respectiva peça.
  • A partitura da peça para uso do professor e/ou pais.
  • Uma “check list” para o professor assinalar o que foi estudado, respectiva data e para o aluno indicar em casa os exercícios que realizou.

 

Improvisação

A improvisação é a chave deste método uma vez que fornece a prontidão, reforço e repetição necessários para aprender a audiar. Simultaneamente, dota os alunos dos meios necessários para uma improvisação natural e convincente, se necessário numa execução de memória.

A maioria das unidades têm projectos de improvisação para ser implementados na aula e depois revistos em casa. Por exemplo, os alunos são desafiados a improvisar um padrão rítmico, de seguida acrescentar um padrão tonal e progressões harmónicas. Qualquer improvisação deve ser feita por frases e deve utilizar o repertório popular como base. Devem depois realizar transposições, mudanças de modo, mudanças de métrica, harmonizações, criar variações rítmicas e melódicas, criar medleys, arranjos e acompanhamentos. Estas actividades podem envolver a voz, o teclado ou ambos.

 

Peças de “performance”

Estas peças são ensinadas por imitação e repetição, sem o recurso à notação musical. A autora acredita que os alunos aprendem melhor e estão mais motivados se souberem várias peças curtas de estilos diferentes, aprendidas desta forma (muito mais rápida do que recorrendo à notação). Para um aluno iniciante, o facto de não ter que olhar para a partitura, faz com que esteja mais atento à posição das suas mãos e a toda a componente física que envolve tocar piano. O facto de estar focado no que está a ouvir e a pensar na música previne a tensão muscular que é muitas vezes verificada quando o aluno iniciante está “preso” à pauta antes de desenvolver as competências motoras necessárias para tocar de forma natural e livre.

 

CD’s de acompanhamento

Os CD’s que acompanham os livros do aluno estão divididos por unidades, de acordo com a respectiva unidade de cada livro. Incluem peças para cantar, peças de performance, e padrões (tonais e rítmicos) para cada peça de performance. Os alunos devem repetir cada padrão usando a voz. Cada unidade começa com uma peça para cantar que se torna, no final da unidade, a peça de performance.

 

Rotina de estudo

Segundo a autora, é importante definir uma rotina de estudo que se enquadre na rotina diária da família. Dois períodos de 15 minutos serão mais eficazes do que um período mais longo, isolado. Três horas de estudo semanal é ideal. É importante estudar logo depois da aula, para garantir que o aluno se recorda dos conceitos abordados. Deverá ser usada uma tabela para registo do estudo diário. A grande maioria dos alunos terá uma maior motivação em atingir o seu objectivo de estudo semanal através deste incentivo.

 

Planos de aula do professor

  • Organização da aula por unidade

O objectivo dos planos de aula é o de fornecer a sequência de lógica da abordagem de cada conceito, no decorrer de uma determinada aula. As actividades incluem o ensino do movimento, improvisação, padrões tonais e rítmicos e competências relacionadas directamente com a técnica pianística.

 

  • Contrastes

O uso do contraste é considerado essencial na aprendizagem. Assim, actividades que envolvem “semelhança/diferença” são usadas em todas as unidades. A expressão musical deve ser trabalhada desde o início com uma terminologia acessível e simples. Expressões como “separar”, “ligar”, “suave”, “forte”, “não muito rápido” ou “muito lento” encorajarão os alunos a pensar e a ouvir contrastes e variedade.

 

  • Actividades

Os planos de aula incluem o uso de canções populares que os alunos aprenderão a tocar. Os padrões rítmicos e tonais de cada canção estão escritos no plano da aula para servir de auxílio ao professor e assim permitir que o mesmo as ensine ao aluno. Cantar desenvolve a audiação e os alunos percebem que, dominado os padrões tonais e rítmicos de uma canção, serão capazes de a cantar de forma correcta e, posteriormente, tocá-la também. 

 

Piano Adventures

Da autoria de Nancy Faber e Randall Faber, este método aposta na associação da diversão e da imaginação ao espírito de aprender a tocar piano. Os autores acreditam que nenhum aluno iniciante procura regras demasiado sérias e um controle apertado, factores que levam normalmente à perda do interesse intrínseco do aprendiz. Por outro lado, aposta na diversão, fantasia e exploração através de brincadeiras criativas e aventureiras. O primeiro livro desta série transporta o aluno iniciante a um mundo de fantasia onde é usada a exploração, a audição e a visão. O aluno é emerso em actividades de carácter visual, auditivo e cinestésico sempre através de um espírito divertido, que nesta “viagem” inclui cinco amigos musicais. Estes colegas de viagem apresentam uma nova aventura em cada peça: nadar com uma baleia, subir a casa da árvore, andar no comboio do aniversário, entre muitas outras. As aulas devem ser activas e envolver bastante movimento. O professor deve ter a capacidade de dar vida a cada nova página do livro. Em seguida, deve tocar com o aluno, sentir o teclado em conjunto, cantar as dedilhações, nomes das notas e texto das peças. Rir, imaginar e divertir-se com o aluno são ingredientes chave para um início sólido e promissor.

Todos sabemos que uma criança é capaz de manter a atenção apenas durante períodos curtos. No entanto, quando uma criança se envolve emocionalmente numa actividade, é capaz de manter o foco durante muito mais tempo e ser o próprio a pedir para repetir mais vezes a actividade que está a realizar. Para os autores deste método, deve ser seguida a regra básica para este tipo de aprendizagem onde, normalmente, a duração de uma determinada actividade corresponde aproximadamente à idade da criança, em minutos (cinco minutos para uma criança de cinco anos, por exemplo). Se o professor sentir que o foco em determinada actividade está a baixar, deve de imediato criar alguma mudança. O plano da aula deve ter variedade e ser flexível para cada aluno.

O uso de metáforas criativas é essencial quando são abordadas questões relacionadas com a técnica pianística. Palavras e expressões como “falta de coordenação”, “pulso rígido” ou “não dobrar a falange”, são termos que a maioria dos alunos iniciantes (em idade pré-escolar), não é capaz de descodificar totalmente. Neste livro, a imaginação dos autores é espelhada, por exemplo na peça “Cookie Dough” onde o aluno deve ser capaz de manter a ponta do dedo firme, pressionando pedaços de chocolate imaginários na massa das bolachas. Este é um de muitos exemplos que, ao longo deste método, delineiam as bases técnicas do aluno e modelam a estrutura da sua mão e respectivo alinhamento dos dedos, pulsos e braços.

O uso do movimento e do canto é encorajado desde o início através do movimento do corpo. O uso do CD que acompanha o primeiro livro é uma ferramenta essencial para atingir os objectivos propostos e desenvolver o sentido rítmico e melódico do aluno de uma forma natural.

Segundo os autores deste método, os seus livros estabeleceram um novo padrão para o ensino do piano no século XXI, tendo-se tornado rapidamente no método de eleição na maioria dos departamentos de pedagogia do piano das universidades dos EUA. As razões apontadas para este sucesso são:

 

Abordagem à leitura

Inicialmente, os alunos começam por aprender um número limitado de notas – as notas na posição do Dó central. No entanto, devem tocar cada nota com dedos diferentes. Isto é, o aluno deve tocar, por exemplo, o dó central com o dedo 1, depois com o dedo 2 e depois com o dedo 3. Outras notas de referência serão o Sol acima do Dó central e o Fá abaixo. Igualmente, devem usar vários dedos para tocar as notas referidas. Os benefícios desta abordagem são:

  • Evita que o aluno associe uma nota a um determinado dedo
  • Ensina de forma precisa a relação entre o nome de uma nota e a sua localização no teclado
  • Permite a liberdade de movimentos do braço para a mão e para o dedo
  • Evita o uso excessivo dos dois polegares no Dó central
  • Reduz a dependência do aluno em posições de mão pré-definidas
  • As sete notas da escala fazem parte da posição de Dó central, permitindo a aprendizagem de uma grande variedade de peças
  • A dedilhação para a primeira nota de cada peça em cada mão é, por exemplo, “3 no ____?” Isto requer que o aluno identifique o nome da nota, o escreva no espaço assinalado, e de seguida coloque a mão no teclado em função do nome da nota e do número do dedo. Desta forma o aluno está a desenvolver os fundamentos básicos da leitura musical e a tornar-se autónomo neste processo. O professor deixará de ouvir a eterna questão: “onde coloco os dedos?”

 

Música pianística e de qualidade

A imagem de marca deste método são os arranjos das peças. Todas as peças foram escritas (ou transcritas) para piano, tendo a garantia de que são pianísticas e soam bem no instrumento. As peças foram escritas de forma que a liberdade de movimentos no teclado seja natural, com um pulso relaxado, promovendo movimentos e gestos que levam as mãos a percorrer qualquer região do teclado de forma livre e fluente. A introdução do pedal é feita de forma natural e simples, com peças que facilitam esse aspecto.

Igualmente, os autores acreditam que a qualidade musical das peças de um método espelha a sua qualidade em geral. Durante mais de dez anos, centenas de peças foram descartadas após falharem aprovação por um conjunto de alunos e professores que testaram cada peça incluída no método.

Os livros que compõe a base estrutural deste método são oito, com numerosos complementos auxiliares. O primeiro livro desta série é acompanhado por um guia para o professor que sugere um plano detalhado para a primeira aula. É um plano que envolve 12 actividades diferentes e tem uma duração aproximada de 45 minutos. Para a preparação da aula, o professor deve aprender e memorizar a canção da actividade “Roll Call”. Por uma questão de expressão idiomática, os nomes das actividades não serão traduzidos.

 

  1. Friends at the Piano
  • São apresentados os amigos que vão embarcar nesta aventura: Millie, Marta, Carlos, Dallas, Katie e a Mrs. Razzle-Dazzle (a professora); são também discutidos os gostos pessoais de cada um.
  • Estão disponíveis para download posters com imagens destas personagens no site deste método.
  1. Roll Call
  • Enquanto o professor canta a peça “Roll Call”, o(s) aluno(s) movimentam-se pela sala, indo de encontro às imagens dos amigos apresentados anteriormente e que foram, entretanto, espalhadas em diferentes partes da sala.
  • Por fim, enquanto o professor continua a cantar, os alunos devem bater a pulsação em diferentes partes do corpo.
  1. Roll Call Parade
  • Enquanto ouvem a mesma peça (agora na gravação do CD), os alunos devem marchar de forma organizada e em fila, tentando fazê-lo em conjunto com a pulsação da música.
  1. The “I’m Great” Pose
  • Postura ao piano.
  • Cada um dos amigos apresentados anteriormente tem uma sugestão relacionada com a postura correcta no instrumento.
  1. Sounds on the Piano
  • Exploração do teclado.
  • Teclas brancas e pretas.
  • Sons fortes e suaves.
  • Sons longos e curtos.
  1. Will You Play?
  • Improvisar em duo.
  • Explicar o que é um duo e, de seguida, através de uma canção/jogo, convidar o aluno a tocar sons suaves, fortes, curtos, longos, tocar nas teclas pretas, tocar nas teclas brancas, bater no tampo do piano, e por fim fazer uma vénia (agradecimento).
  1. Twinkle, Twinkle, Little Star
  • Cantar e usar movimentos corporais ao som desta peça de acordo com as indicações do professor.
  • Esta actividade pretende criar um pequeno intervalo fora do piano (onde os alunos estiveram nas actividades 4, 5 e 6), que é benéfico para muitos alunos. Além disso, prepara os alunos para a aprendizagem desta peça, que é feita na aula seguinte.
  1. Stone on the Mountain
  • Peso do braço e posição da mão arredondada.
  • Através da visualização de imagens, os alunos imaginam que estão a segurar pequenas pedras na mão (“Hold your stone high on the mountain”).
  • Seguidamente, devem deixar cair as mãos livremente no colo (“Stone on the mountain, falls to the ground”).
  • Devem manter a ponta dos dedos em contacto com as pernas e fazer movimentos circulares lentamente (“Hold it, mold it, roll it around”).
  • Por fim, devem levar lentamente as mãos ao teclado (“…and land on the keys”).
  • Este actividade deve ser feita inicialmente com cada mão, em separado.
  1. The Name Game
  • Usar o indicador e polegar em conjunto, em forma de “O”.
  • Reconhecer os grupos de 2 e 3 teclas pretas.
  • Cada amigo tem uma tecla (5 teclas pretas).
  • Tocar cada tecla identificando o respectivo amigo.
  • Por fim, escolher qualquer tecla preta para dizer o próprio nome.
  • Esta é a primeira “peça” que o aluno “aprendeu”.
  1. Tiger, Tiger
  • Uso do registo grave do piano.
  • Uso de sons fortes, utilizando todo o peso do braço.
  1. Twinkle, Twinkle Little Star (2)
  • Cantar juntamente com treino visual.
  • Com o polegar e o indicador juntos, apontar às estrelas com diferentes cores, enquanto canta em conjunto com o professor.
  1. Writing Book Activities
  • O aluno observa diferentes imagens no livro, relacionados com a postura correcta ao piano. Há imagens correctas e imagens erradas. O aluno deve assinalar as imagens correctas e ser assim o seu próprio professor.
  • Outros exercícios relacionados com as actividades anteriores podem ser realizados no sentido de consolidar os conceitos abordados.

 

Para uma aula mais curta, as actividades 3, 7, 11 ou 12 poderão ser omitidas.

Na conclusão da aula o professor deve indicar o trabalho de casa ao aluno e aos pais, sempre que possível. Deve terminar a aula com um reforço positivo e demonstrando vontade de continuar a aventura que acabaram de iniciar.

Todas as actividades acima referidas estão disponíveis para visualização em vídeo no site deste método.

 

The Leila Fletcher Piano Course

A autora deste método acredita que o estudo da música deve ser uma experiência encantadora. Quase todas as crianças vão para a sua primeira aula cheias de entusiamo. O uso de uma metodologia adequada, apresentada de uma forma lógica, irá certamente potenciar o interesse inicial do aluno e não frustrar as expectativas iniciais do aprendiz.

Este método assenta em quatro objectivos centrais: o desenvolvimento da habilidade para ler música de forma fluente e de a interpretar artisticamente, a formação de uma técnica pianística sólida, potenciar a criatividade musical e fomentar o gosto pela música pela vida fora. A série completa deste método inclui oito livros além de material suplementar.

 

A linguagem da música

Leila Fletcher é da opinião que a música deve ser aprendida da mesma forma que aprendemos a língua materna: ouvindo, cantando e tocando peças simples e, como num processo educativo, aprendendo a gramática musical. Qualquer novo conceito deve ser apresentado de uma forma musical antes de ser explicado tecnicamente. Por exemplo: um aluno deve ser capaz de tocar várias escalas maiores antes de lhe serem ensinados os padrões de tons e meios tons sobre os quais uma escala maior é construída. Desta forma, o ouvido é treinado e torna-se o próprio guia. Segundo a autora, isto é especialmente importante quando lidamos com alunos com aptidão musical acima da média. Esta é, sem dúvida, a forma pela qual aprendemos a nossa língua materna: a criança ouve palavras simples e frases curtas e, por imitação, aprende a repetir essas frases e palavras. Mais tarde, o discurso torna-se natural e fluente e a criança aprende a ler e a escrever palavras simples e pequenas frases. A partir daí, quando a sua leitura e escrita evoluem, dá-se início ao estudo da gramática. No ensino da música este deve também ser o caminho – as explicações teóricas devem seguir as experiências musicais e nunca as preceder.

 

As primeiras aulas de piano

Os conteúdos incluídos nas planificações das primeiras aulas de piano deste método não estão divididos separadamente por aulas, uma vez que a quantidade de conceitos a abordar com cada aluno, em cada aula, é variável. O professor deve considerar a idade e o desenvolvimento do aluno. Para a primeira aula, os primeiros três tópicos serão suficientes para alguns alunos; para outros, poderão ser abordados cinco tópicos ou até mais. De qualquer forma, é preferível na fase inicial ir mais devagar, uma vez que é necessário tempo e repetição para assimilar cada conceito e estabelecer bons hábitos de trabalho. De acordo com a autora, as primeiras aulas de piano devem incluir os seguintes conceitos:

  1. Ensinar o Ré no Teclado
    • Tecla branca entre as duas teclas pretas
  2. Ensinar os números dos dedos: 1, 2, 3, 4 e 5
    • Usar o exercício em rima sugerido no livro
  3. Ensinar, por imitação, a peça “The Sun Rising in the Morning”
    • Tocada em duas notas Ré
  4. Ensinar, por imitação, a peça “The Birds Began to Sing”
    • Tocada num grupo de duas teclas pretas
  5. No teclado, ensinar o Dó, o Ré e o Mi
    • O Ré já foi aprendido; o Dó, o Ré e o Mi são as três teclas brancas que “tocam” as duas teclas pretas (“a melodia sobe”)
  6. Ensinar, por imitação, a peça “The Breeze”
    • Tocada com as cinco teclas pretas (duas mais três)
  7. No teclado, ensinar o Fá, Sol, Lá e Si
    • Estas quatro teclas brancas são as que “tocam” as três teclas pretas
  8. Mostrar a imagem do teclado onde estão escritas o nome das notas, para o aluno se orientar no estudo em casa
  9. No teclado, rever as teclas Dó, Ré e Mi e ensinar, por imitação, a peça “The March Hare”
  10. No teclado, ensinar Dó, Si e Lá
    • Tocar de forma descendente, a partir do Dó. Dó, Si, Lá (“a melodia desce”)
  1. Ensinar, por imitação, a peça “Stormy Weather”
  2. Ensinar Dó, Ré, Mi e Dó, Si, Lá, sem mostrar as notas aos alunos.
  3. Ajudar o aluno a recortar o diagrama teclado e mostrar como colocá-lo no próprio piano. Explicar que o Dó central fica junto ao nome da marca do piano.
  4. Ensinar “Setting up Exercises” e “Here We Go”
    • Estes exercícios servem para correlacionar o nome das notas com as teclas. Primeiro, tocar e dizer o nome das notas. De seguida, tocar e dizer o número dos dedos.
  1. Mostrar ao aluno as figuras que valem um e dois tempos – mínima e semínima – sem ainda lhes atribuir nome
  2. Ensinar “The Flyer” a partir do nome das notas. Quando o aluno for capaz de tocar a peça de forma fluente, tocar a parte do acompanhamento para enfatizar o ritmo.
  3. As peças “The Flyer” e todas as que se seguem, devem ser aprendidas a partir do nome das notas, de três formas diferentes:
    • A tocar e a dizer o nome das notas
    • A tocar e a contar os tempos (dizer e não cantar)
    • A tocar e a cantar a letra da peça

 

Devem ser feitas regularmente revisões de aulas anteriores. Cada vez que um aluno toca uma peça antiga, sentir-se-á mais à vontade e será cada vez mais expressivo, as notas na pauta serão mais bem assimiladas, desenvolvem mais facilidade no teclado e melhoram a sua técnica.

A memorização é uma das melhores formas de treino musical. Deve ser trabalhada desde as primeiras aulas e, em cada aula, deve haver um pouco de trabalho neste campo.

Várias peças têm um acompanhamento para ser tocado pelo professor ou por um aluno mais avançado. A sua principal função é a de ajudar o aluno a ouvir a harmonia que sustenta a sua parte (solo). Desenvolve ainda o sentido rítmico, harmónico, o fraseado e a agógica. O acompanhamento deverá ser somente usado quando o aluno for capaz de tocar todas as notas, com a dedilhação correcta e num tempo estável.

Os alunos iniciantes não devem estudar mais de dez minutos de cada vez – alcançarão melhores resultados desta forma. Uma criança só consegue manter a concentração durante períodos de tempo curtos. Por analogia, a maioria dos músicos profissionais sente que obtém melhores resultados quando faz vários intervalos entre os períodos de estudo.

 

Tocar por imitação

As peças apresentadas neste método, onde a aprendizagem por imitação é tida como referência, ocupam provavelmente a parte mais importante para o aluno iniciante.

Aprender por imitação faz com que o aluno tenha somente dois aspectos para pensar: o som que produz e a forma como pressiona as teclas do piano. Desta forma, o aluno será capaz de ouvir verdadeiramente as primeiras notas que produz e terá mais possibilidades de obter um som suave, claro e agradável. Assim, não será difícil para o aluno manter a qualidade sonora quando fizer a transição para a música impressa. Se, por outro lado, o aluno começar a tocar e tiver que, simultaneamente, estar focado nos meandros da notação musical, não estará tão apto a ouvir o som que está a produzir. Estará demasiado ocupado a ler as notas, a encontrar as teclas certas, os dedos certos e a contar os tempos.

A altura ideal para ensinar um aluno a ouvir o que está a tocar é imediatamente no início dos seus estudos musicais. É muito difícil ensinar um aluno a ouvir verdadeiramente o que está a tocar quando ele tem hábitos enraizados de natureza oposta.

Os títulos sugestivos de cada peça e os respectivos acompanhamentos estimulam a imaginação da criança e faz com que sinta interesse pelo som que está a produzir. Este deve ser o objectivo durante todo o seu percurso enquanto aluno.

Ao tocar por imitação, o professor tem a oportunidade de estar mais atento à posição do aluno e de a tornar natural e confortável. A tensão muscular que causa um som duro e descontrolado é muitas vezes resultado de tensão mental. As mãos e braços devem estar relaxados para ser possível obter independência nos dedos e controlar o som. O professor deve demonstrar ao aluno como é “fácil” tocar as teclas do piano: quando pressionadas, baixam somente uma pequena distância. Quando o aluno se apercebe que pode tocar de forma “fácil e natural” tem tendência a relaxar e a flexibilizar o braço e a mão. É fundamental que o aluno toque da forma mais natural possível e ouça realmente o som que está a produzir.

 

Conclusão e Reflexão Final

Conforme mencionado na introdução, o ensino da iniciação é talvez um dos mais complexos no âmbito da pedagogia instrumental. Se, por um lado, já tinha esta noção assumida, a experiência adquirida nos anos em que trabalhei com alunos neste grau de ensino, ajudou-me a constatar de uma forma mais evidente a complexidade que envolve o trabalho a este nível. Infelizmente, este facto é muitas vezes negligenciado (por pais, alunos e pelos próprios docentes), achando que o início serve apenas para se perceber se a criança tem “jeito” e depois logo se vê. Se o tal “jeito” se confirmar, depois procura-se um bom professor. O que não percebem é que, muitas vezes, esse “bom professor” pode já chegar tarde e deparar-se com enormes falhas/lacunas na formação inicial do aluno. Podem mesmo estar em causa aspectos muito difíceis de ultrapassar e por vezes mesmo inultrapassáveis.

Numa fase inicial, é fundamental desenvolver na criança o gosto pela música e fazer com que tenha vontade de ir à aula de instrumento. É crucial perceber que, apenas uma pequeníssima percentagem das crianças que aprende música, irá fazer da música a sua profissão no futuro. Este facto não invalida a possibilidade de todos terem acesso ao ensino da música com qualidade (e não só em quantidade, para satisfazer meros resultados estatísticos). Devemos ainda acrescentar o facto de que, nem todos os alunos são prodígios e que, pelo contrário, é muito provável que nos deparemos constantemente com alunos com menos “habilidades musicais” inatas. Se, para este tipo de crianças, esperarmos resultados imediatos e ao mesmo nível daqueles em que podemos definir como “média”, é muito natural que rapidamente esses alunos percam o interesse nas aulas de instrumento e na música em geral. Para estes alunos é necessário criar um plano individual (isso é o caso para qualquer aluno, mas em particular para estes), que vá de encontro à resolução dos problemas que cada um apresenta.

A escolha do material pedagógico, a sua quantidade e qualidade, são aspectos que não podem ser descurados e as aulas devem manter uma dinâmica divertida que mantenha o aluno interessado. Acima de tudo, deve existir por parte do professor, um enorme grau de paciência e dedicação e deve ainda ter a capacidade de saber lidar com alunos que numa fase inicial mostrem pouco interesse e desenvolvimento no sentido de, através de uma metodologia apropriada, ser capaz de inverter essa situação. As aulas devem ter um ambiente criativo e livre de stress. O próprio tom de voz do professor deve transmitir o entusiasmo que sente em estar a ensinar e deve ter a capacidade de, sempre que necessário, desviar o assunto para temas que aliviem alguma tensão ou frustração que o aluno possa momentaneamente estar a sentir. 

Para as primeiras aulas com um novo aluno, é fundamental que o professor possua uma série de “ferramentas” e actividades para manter a aula dinâmica e com interesse. Essas actividades podem incluir:

  • A introdução de novos conceitos através de histórias ou exemplos concretos;
  • Ouvir e “analisar” pequenas peças para piano;
  • Orientar o aluno para a execução de ouvido de melodias simples e que o aluno reconheça facilmente;
  • Utilizar padrões rítmicos muito simples (através de palmas ou no próprio piano);
  • Cantar melodias conhecidos com o aluno;
  • Exercícios de relaxamento (no piano ou fora dele);
  • Orientação para trabalhos simples a realizar em casa.

 

De uma forma global, os conceitos ensinados e apreendidos durante os primeiros meses de aprendizagem são muito significativos e serão a base para um desenvolvimento futuro. Qualquer factor negligenciado nesta fase poderá criar sérios problemas e pôr mesmo em causa a aprendizagem futura.

De um modo geral, as actividades propostas durante o período inicial de aprendizagem devem ser centradas nos seguintes objectivos:

  • Desenvolvimento do ouvido musical e memória;
  • Aprendizagem de conceitos básicos de teoria musical;
  • Ouvir música;
  • Desenvolvimento de bons hábitos técnicos e de estudo.

 

Outro aspecto primordial que deve ser referido prende-se com o facto de não tentar “ensinar/corrigir” tudo de uma vez. Muitas vezes, quando apresentamos um novo conceito e apresentamos um determinado objectivo a um aluno, esperamos resultados imediatos e tentamos corrigir até à “perfeição” esse determinado conceito. É necessário ter noção de que há objectivos que são alcançáveis num curto espaço de tempo e há outros que necessitam de uma margem temporal mais alargada para serem atingidos. Não se pode, por exemplo, forçar um aluno a formar uma posição de mão ideal nas primeiras aulas. Se, por um lado, existem alunos que alcançam esse ou outro qualquer objectivo de forma natural e rápida, outros existem (a maioria) em que esse processo será mais demorado. Não se deve atrasar o progresso natural do aluno ficando preso a aspectos que se podem “revisitar” e ir trabalhando de uma forma gradual.

Uma outra condição a considerar é a de que as crianças não devem estar sujeitas a uma única actividade por um período alargado de tempo, de forma a não se tornar monótona. As estratégias/actividades para cada aula devem ser variadas e deve-se, uma vez mais, evitar a procura da “perfeição” em cada actividade proposta. Assim, o aluno fica com a ideia de que tocar piano é algo fácil e divertido e tem vontade de voltar para a aula seguinte. O aluno deve sentir-se sempre um participante activo de cada aula e nunca um mero espectador.

O professor deve sempre ter em conta durante as aulas o feedback que dá aos seus alunos. Independentemente do tipo, o mesmo é essencial para guiar os alunos no caminho que pretendemos que sigam.

É hoje unânime que, uma das condições fundamentais para o sucesso do ensino do piano a crianças é a articulação e colaboração constante com os pais dos alunos. O professor deve ser capaz de envolver os pais na supervisão diária do estudo, na organização do material e no incentivo ao trabalho regular em casa. Quando possível, é aconselhável que os pais assistam às primeiras aulas de piano, e devem ser postos à vontade para esclarecer eventuais dúvidas que tenham. Se estiverem informados e se perceberam os conceitos a trabalhar, podem evitar que os seus filhos passem uma semana em casa a repetir erros desnecessários.

Acreditamos que o sucesso na aprendizagem de um aluno depende muito mais do professor do que do método (livro) usado. Cada aluno é único e tem diferentes pontos fortes e fracos. Se é certo que um professor deve ter um ideal de ensino claro e definido para a sua classe, deve sempre ter a capacidade de se ajustar e adaptar a cada aluno. Um método pode funcionar perfeitamente para um aluno e, simultaneamente ser demasiado ambicioso para outro. Um bom professor, que domine os fundamentos da pedagogia do piano, será provavelmente capaz de tornar qualquer método eficaz. No entanto, com tanta variedade de métodos disponíveis, haverá certamente, materiais que servem melhor os objectivos de cada um. Algumas das questões a ponderar aquando da escolha de um método são:

  • Que abordagem à leitura utiliza: Dó central, múltiplas tonalidades ou intervalar?
  • A sequência de apresentação dos conceitos é lógica? É compreensivo (inclui técnica, leitura à primeira vista, treino auditivo, entre outros aspectos)?
  • Inclui os conceitos teóricos essenciais, como intervalos, acordes, harmonia, transposição?
  • Faz sentido para o aluno?
  • Tem um design e formato atractivo?
  • Que tipo de material suplementar está incluído? Inclui material multimédia?

 

Em relação a este último ponto, importa salientar que hoje em dia, a maioria dos métodos que se pretendem manter actualizados lançam constantemente novos materiais suplementares que podem ser um veículo impulsionador do estudo para muitos alunos. Muitos destes métodos apresentam já aplicações para dispositivos móveis e computadores, que permitem, entre muitas outras coisas, a interacção entre o professor e o aluno mesmo fora da sala de aula, possibilitando um trabalho complementar que pode ser muito útil, tanto ao professor como ao aluno. 

 

 

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Notas

[1] Audiação é um termo criado por E. Gordon que significa para a música o que pensar significa para a língua. É a capacidade de ouvirmos com compreensão na nossa cabeça, sons que podem estar, ou não, fisicamente presentes. Através da audiação os alunos poderão atribuir significado à música que ouvem, executam, improvisam e compõem.